Um cão da raça Shitzu, atendido no Animal Care Ipiranga há algumas semanas atrás, chegou em nosso Pronto-Socorro Veterinário com uma reação de angioedema e urticaria no rosto, decorrente de uma picada de abelha. Isso é bem comum de acontecer com animais que vão brincar com um inseto. Além da dor no local, os animais desenvolvem inchaço no rosto e placas urticariformes, causando muito desconforto e coceiras.

Essa picada de inseto é a causa de reações anafiláticas e anafilactóides. Podendo ocorrer fato semelhante após aplicações de vacinas e de alguns medicamentos.

No caso de picada de inseto, como a quantidade de veneno é pequena, não ocorrem grandes problemas, mas quando a reação alérgica é causada por vacinas ou medicamentos, esses sinais podem ser somente o início de uma série de sintomas que podem levar o animal a sérias implicações e inclusive ao óbito. É necessário ser tratado a tempo.

O que é reação anafilática?

Reações anafiláticas e anafilactoides (de hipersensibilidade) ocorrem em cães e gatos após a inoculação de qualquer material estranho ao organismo, como veneno de uma picada de inseto, vacinas, medicamentos e até produtos químicos presentes em alimentos.

A gravidade destas reações podem variar desde uma simples erupção cutânea com prurido (coceira), até alterações gravíssimas no sistema respiratório, gastrointestinal e cardiovascular com sinais de hipotensão, vômitos, diarreia e estresse respiratório, não raramente levando o animal a óbito se não tratado rapidamente.

Vacinas que contenham bacterina (vacina de Leptospirose) ou adjuvante (vacina antirrábica) são mais propensas a causar reações de hipersensibilidade se comparadas à vacinas que contenham somente vírus vivos modificados.

A resposta ao estímulo, assim como a intensidade da resposta, depende de um componente genético, pois algumas famílias, raças e indivíduos tendem a apresentar respostas alérgicas com maior frequência e maior intensidade.

No caso das vacinas em animais jovens, a produção de IgE (que vai causar a resposta anafilática) requer uma exposição prévia, seja de anticorpos maternos ou de uma primeira aplicação. Assim o mais comum é que a reação de hipersensibilidade ocorra na segunda aplicação da vacina, quando o filhote já esta sensibilizado.

Essa reação do IgE com os mastócitos (células presentes em vários tecidos do corpo) liberam uma grande quantidade de histamina e outros potentes agentes biologicamente ativos que causam alterações de permeabilidade vascular e edema nos vasos sanguíneos, resultam em broncoconstricção nas vias aéreas e resultam em hipermotilidade, vômito e diarreias nos intestinos.

A gravidade da reação depende de vários fatores, como número e localização dos mastócitos, do grau de sensibilidade do indivíduo, da quantidade do antígeno causador da reação e da via de inoculação (intravenoso, subcutânea, inalação ou ingestão).

As duas formas clínicas mais comuns na clínica de pequenos animais são urticária com manifestação gastrointestinal em cães e alteração respiratória em gatos.

A urticária é causada pela degranulação dos mastócitos localizados na pele que, ao liberar a histamina, causa uma irritação local que vai se manisfestar através da coceira. Os sinais de anafilaxia aguda pode ter várias apresentação de acordo com a espécie.

Nos cães, os órgãos de choque são o fígado e intestino, apresentando inicialmente sinais de agitação, coceira da face seguido por salivação, vômito, defecação e micção. O quadro pode evoluir desfavoravelmente com fraqueza muscular, depressão respiratória, alterações circulatórias com hipotensão, convulsões e morte.

Já nos felinos, o órgão de choque é o pulmão. O quadro se inicia com prurido intenso na cabeça, seguido de alteração do padrão respiratório causada pela hipotensão que leva a edema pulmonar e broncoconstrição nesse orgão. Depois pode apresentar salivação, vômito, ataxia, colapso e morte.

Como essas reações de hipersensibilidade não têm um padrão de sinais clínicos e de intensidade, devem sempre ser consideradas emergência veterinária e medicadas o quanto antes para a interrupção da cascata de acontecimentos, melhoria do prognóstico e chances de recuperação do animal.

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